o quarto de parede verde
naquele quarto de parede verde mora um sonho. pela porta entreaberta vejo suas pernas compridas. Os travesseiros largados, roupas sobre a cadeira, colares e pulseiras na caixinha transparente, a escrivaninha, o baixo vermelho ao lado da cama, a caixa de som enorme com seus fios vermelhos, o quadro de cortiça completamente nu, porta retratos q não são seus, o all star preto meio surrado, e aquele resistente ventilador de teto. seus habitantes sempre foram assim, desarrumados. entro e fico ali parada observando cada detalhe. se fechar os olhos sei cada objeto de cor mas sinto necessidade de olhar de novo pra cada um deles. tento fazer c q o silencio seja nossa companhia. não quero que nada quebre aquele encanto. já e´manhã mas pra ele é como se a noite tivesse somente começado. mas enfim, pra q serve a diferença entre o dia e a noite qdo a gente fala em sonho? sento ao lado da cama. seu corpo é bonito e suas costas largas parecem esperar um carinho. atendo o pedido e lhe faço um dengo, sem nenhum sacrifício. ele se mexe e abre um leve sorriso. essa é a linguagem que nos aproxima. de alguma forma ele sabe q estou ali. seu sono é tranqüilo.
naquele corpo longo, esguio, mora um sonho, um sonho de voar bem longe, um sonho de viver sozinho, um sonho de conhecer o mundo, um sonho q também foi meu e q de certa forma ainda o trago guardado aqui comigo. em breve sei q esse sonho vai criar asas e pegar uma pequena mochila, onde levara algumas roupas meio envelhcidas e desbotadas, o all satar , um disk man e alguns cds e com um beijo se despedirá sem lagrima ou saudade aparente. mas nós dois vamos saber q ela estará ali. te amo tanto filho!
sinto um desejo enorme de ficar ali parada e penso o que mais ele levara naquela mochila. tenho medo sim e penso que eu deveria ter morado num quarto de parede verde